Projeto Pão Nosso: alimento para corpo e alma
Se você é de Belo Horizonte ou conhece bem a cidade já deve ter se deparado com uma movimentação no início das noites na região da Lagoinha, uma das principais vias de acesso ao centro da capital. Nada de suspeito no movimento, entretanto. Trata-se de uma Kombi com pessoas servindo sopa, sanduíches, água ou outros alimentos. Esse nobre gesto não fica restrito a uma ou a um grupo de pessoas. No entanto, nos prenderemos a equipe da Paróquia Santa Catarina Labouré, no Bairro Dona Clara, que faz esse trabalho há 14 anos.
Afonso Silva, coordenador do projeto Pão Nosso, como é conhecido, abriu as portas da paróquia e nos deu a possibilidade de conhecer o passo a passo para a iniciativa. Se a equipe parte apenas as 19h30 da paróquia para o centro, o processo de captação de recursos e alimentos e a preparação demanda um esforço coletivo e uma dedicação de horas a fio.
Por volta das 14h uma equipe chega a paróquia e inicia todo o processo para a fabricação do sopão, que será servido logo mais. Na maioria donas de casa e aposentados, a força-tarefa é montada e todos trabalham com muito bom humor. Orações não saem da pauta e todos se mostram extremamente receptivos com a dupla de repórteres, que por sinal, provaram e aprovaram (com louvor) o produto final.
O coordenador ressalta o comprometimento de todos, fala sobre as doações, que são essenciais para manter a ideia viva e ressalta que outros grupos também agem de modo semelhante. O projeto Pão Nosso se reúne as quartas e quintas-feiras, com equipes diferentes na preparação dos alimentos e na entrega. Logo, são quatro ‘times’ realizando a obra, semanalmente.
“Cada um doa o que pode, nós somos voluntários e doamos o nosso trabalho. E quem mais ganha nisso tudo somos nós, pode ter certeza”, comenta Afonso, já ao se despedir. Em uma cidade que não cuida de sua gente como deveria e cuja população de rua cresce perceptivelmente, trabalhos como esse são de importância vital para uma Belo Horizonte cada vez melhor. O maior agradecimento está na expressão de cada um daqueles que recebem o alimento, do corpo e da alma, e ganham um motivo extra para acreditar no amanhã.
#historiasdebh
(Carolina Ávila e Emerson Araujo)